Em Barcelos, uma nova abordagem terapêutica tem vindo a chamar a atenção de educadores, pais e especialistas em desenvolvimento infantil: a introdução de cães-terapeutas como parte integrante do ambiente escolar. Esta prática inovadora assenta na utilização de animais treinados para interagir com os alunos, promovendo o bem-estar emocional e, de forma surpreendente, contribuindo para melhorias significativas no rendimento académico. Ao longo deste artigo, iremos explorar como os cães-terapeutas estão a ser integrados em escolas de Barcelos, os impactos observados no comportamento e desempenho dos alunos, bem como os fundamentos científicos que sustentam esta prática cada vez mais valorizada em contextos educativos.
Como funciona a terapia assistida por cães nas escolas
A terapia assistida por animais, especialmente por cães, tem vindo a ganhar espaço em várias áreas da saúde e da educação. Em Barcelos, determinadas escolas adotaram esta abordagem como forma de suporte emocional e de promoção de competências sociais entre os alunos. Os cães-terapeutas que participam neste tipo de intervenção são cuidadosamente treinados para responder a estímulos humanos de forma calma, dócil e previsível, permitindo assim que interajam com as crianças em ambientes escolares controlados e seguros.
Estes cães trabalham em conjunto com terapeutas ou educadores especializados, sendo integrados nas atividades escolares sob um plano terapêutico bem delineado. O seu papel não se resume à simples presença física – que já tem, por si só, efeitos calmantes –, mas inclui também a participação ativa em tarefas e rotinas. Por exemplo, durante leituras orientadas, os alunos podem ler em voz alta para o cão, o que os ajuda a melhorar a dicção, a fluência leitora e, sobretudo, a confiança em si mesmos, uma vez que o cão não faz julgamentos nem críticas.
Entre os objetivos principais da utilização de cães-terapeutas nas escolas incluem-se:
- Redução de níveis de ansiedade e stress entre os alunos;
- Melhoria do comportamento em sala de aula;
- Promoção de empatia e de competências socioemocionais;
- Estímulo à leitura, à escrita e à expressão oral;
- Incremento da motivação e do envolvimento escolar.
Além disso, a presença do cão promove uma dinâmica relacional saudável entre alunos e professores, encorajando a expressão de sentimentos e a construção de vínculos positivos. Quando os alunos percebem a escola como um local acolhedor e onde se sentem seguros e compreendidos, os resultados académicos tendem também a melhorar. Estudos recentes indicam que a aprendizagem é fortemente influenciada por fatores afetivos, reforçando a importância do bem-estar emocional no sucesso escolar.
Benefícios observados nas escolas de Barcelos
As experiências com cães-terapeutas em escolas de Barcelos têm revelado resultados bastante positivos, especialmente em crianças do ensino básico com dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento. Professores e psicólogos escolares relatam mudanças notórias no comportamento dos alunos: crianças antes agressivas ou isoladas tornaram-se mais cooperantes e comunicativas. Alunos com défices de atenção mostraram maior concentração durante as atividades e uma redução significativa de comportamentos disruptivos.
Um estudo-piloto realizado numa escola pública do concelho revelou que, após três meses de sessões semanais de terapia assistida com cão, 65% dos alunos melhoraram a sua participação nas aulas e cerca de 40% aumentaram as suas notas em disciplinas nucleares como Português e Matemática. A motivação dos alunos também subiu, com muitos a demonstrarem mais prazer em ir à escola e a encarar as tarefas escolares de forma mais positiva.
Os benefícios não se restringem apenas aos alunos com dificuldades. Crianças com desenvolvimento típico também tiram partido da presença dos cães, aprendendo a lidar com emoções, a desenvolver o autocontrolo e a reforçar comportamentos positivos como o respeito, a empatia e o trabalho em equipa. A presença do cão funciona como um estímulo constante ao bom comportamento, já que os alunos compreendem rapidamente que, para poderem interagir com o animal, precisam de seguir regras e demonstrar atitudes corretas.
Outro ponto a destacar é a forma como os cães têm servido de ponte entre escola e família. Pais de alunos envolvidos relataram melhorias nas rotinas em casa, incluindo maior responsabilidade das crianças e uma atitude mais positiva face aos estudos. Em alguns casos, observou-se também uma redução da necessidade de acompanhamento psicopedagógico individual, graças à melhoria no estado emocional global da criança.
A iniciativa em Barcelos tem também contado com o envolvimento de entidades locais, como associações de bem-estar animal e autarquias, que reconhecem o valor deste tipo de intervenção tanto a nível educacional como social. Através de programas coordenados com os agrupamentos escolares, estas entidades asseguram que os cães utilizados são devidamente acompanhados por técnicos especializados, garantindo a qualidade e segurança das práticas terapêuticas.
Por fim, os testemunhos recolhidos junto dos próprios alunos são talvez o reflexo mais verdadeiro do sucesso da iniciativa. Muitos expressam afeto genuíno pelos cães-terapeutas e referem-nos como “amigos”, “ajudantes” ou “companheiros de aprendizagem”. Esta ligação emocional é um fator crucial no desenvolvimento da autoestima e da autoconfiança, pilares fundamentais para o sucesso escolar e pessoal.
Face a estes resultados, outras escolas do município já estão a planear implementar projetos semelhantes, com a expetativa de replicar os efeitos positivos que têm sido observados nas escolas-piloto.
O impacto da presença de cães-terapeutas no contexto escolar em Barcelos oferece uma nova perspetiva sobre os métodos de ensino-aprendizagem. Ao proporcionar um ambiente mais acolhedor e emocionalmente estável, estes animais estão a contribuir para um novo paradigma educativo centrado no bem-estar do aluno. Continuar a investir em programas inovadores como este pode ser a chave para uma escola mais empática, inclusiva e, acima de tudo, eficaz.
